quarta-feira

36 segundos

Eterna dança da dura terra,
Em que todos dormem, ninguém espera,
Pilares de areia que não sustentam,
Braços frágeis que não aguentam.

Outrora vida a duas cores,
Verde e azul de pequenas flores,
Cabe-lhes agora a inglória e a amargura,
De enterrar os mortos na própria sepultura.

E se eram tantos há apenas 1 hora,
Em 30 segundos já não se sabe onde mora,
Perguntas se ficas ou se estás bem aqui,
Continuas no mapa, meu pequeno Haiti.

quinta-feira

53º

Hoje não há nada para perceber.
Sabem das coisas, todas, como se fosse a última.
Sobem litradas de bancadas, de flores na mão, como se fossem ao encontro de uma qualquer alma. Lado esquerdo, lado direito, mil cabeças, ping-pong.
Nem te olha, não te vê, e tu suas enquanto sobes.
Depois vêm velhas medidas, não há cá o quilograma.
Pesam te as pernas e mais suas, mais sobes, menos te vê.
Corres como carteiro.
Esse chega só ás 2.
E suas.
Sobes.
Desapareces.

Não

E assim te deitas sobre os cotovelos,
Braços marcados pelos sonhos sem vê-los,
Pequeno seio o teu que a amamentou,
Mulher fugaz que a vida fadou.

Às nações hoje que deixam mistérios,
Desdobram-se em tudo e perdem impérios,
Exuberância fina num andar de costas,
Queda de flores vivas em árvores dispostas.

Meta alcançada onde gritam os mortos,
Aplaudem o amor e os barcos em portos,
Obsessão vadia onde jaz a ternura,
Riscas o tempo e comes pedra dura.

E assim descansas onde um dia foi partida,
Mensagens de imagens passadas de fugida,
Encontras na criancice o mais que te dão,
Deitas te nas escadas que hoje te dizem não.

olhos em terra de cegos

talvezse tu soubessesqueomundoacabariaamanhã
provavelmentecorreriasemlinha recta atéchegaresamim
atinãotefaltaoarmassimaspalavras
porissofoge.

Acerca de mim

Gosto do sentido agri-doce

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